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MARCO ANTONIO COSTA ROSA

I. Sobre o autor

Marco Antonio Costa Rosa (Marco di Silvanni), carioca, casado, pai de três filhos, deficiente visual aposentado por invalidez. Músico e compositor evangélico. Moro em Londrina e escrevo poesias e estudos bíblicos. Site: www.portodopoente.net. Contatos com o autor pelo e-mail marcoacrosa@yahoo.com.br.


II. Suas Obras




Ouvir a Sua voz

Se já provaste o gozo de ouvir
A voz do teu Senhor a te guiar,
Jamais tu deixarás de esperar
Ouvir de novo a voz incomparável
Que vem te conduzir a verdes pastos.

Ele quer conduzir o Seu rebanho
Às fontes de amor e água viva,
Ao que sacia a sede do sedento
E alimenta a alma tão ferida.

O bálsamo com que Suas mãos me tocam
É mais do que a cura, é o renovo
Do filho que o Pai toma e aconselha,
E envia a proclamar a esperança.

Meu ânimo é como o da criança
Que recebeu do Pai tantos presentes
Que então não se contenta, assim, feliz,
Em desfrutar sozinho da alegria.

Venham, amigos, venham conhecer
Como é bondoso e doce o meu Pastor.
Ele me deu presentes que não quebram,
Podemos, sim, levá-los, onde for.

A esperança não se perderá,
O amor não se desviará de nós,
A paz nos acompanha em todo o tempo,
Sempre vamos ouvir a Sua voz.

E o melhor de tudo é que Ele vem
Andar conosco em todo o caminho,
E ensina a usarmos os presentes,
E nunca mais nos deixa andar sozinhos.

Não quero nada mais do que Jesus
A caminhar comigo ao meu lado.
O que passou, passou, e eu tenho vida,
A vida nova que eu não conhecia.

A Sua mão segura bem a minha
E me conduz feliz nos Seus caminhos,
Enquanto proclamamos a alegria
De pertencermos para sempre a Deus.

TERRA MOLHADA

Mãos e pés descalços, coração sem mágoa,
buscam voz da terra, o chão da cor do dia.
Na mesma folia olhos grandes, tristes,
vêm beijar de novo a mesma melodia.
São sonhos e gotas de um amor sem nome,
rio sem nascente, vertente tão pura,
que as mãos, pequenas, molhadas de vida,
brincam de cantar a mesma alegria.

Foz dessa aventura é o coração da gente,
leito do caminho é saudade esquecida.
Tanto amor não pode desaguar, sozinho,
e represar a voz da cachoeira viva.
Coração parou, ficou pequenininho,
logo disparou, deixou rio levar.
Meus olhos molhados, lágrima e corrente,
já são dessas águas, terna e docemente.

Meu corpo molhado quer ouvir do vento
que esse rio lindo não vai se perder,
vai chorar, alegre, o beijo d’água nova,
vai ser mais que a vida por entre essas pedras,
fluindo sem jeito, tímida e carente.
Vai rasgar montanha e fazer caminho,
regar a esperança e espalhar semente,
transbordar pra sempre amor, terra molhada,
lágrima cravada fundo nesse chão.

A SEIVA DO CAMINHO

Passo a passo, coração se desprende no chão da terra,
caçando semente, colorindo o dia de pensar em sonho.
Rio e ventos passam por mim, chamando, zombando,
cantando a alegria de ser livre e solto.
Sou folha solta no caminho, terra de flor, pisada pelo tempo,
beijada pela chuva, água doce ribeira que o vento vem me contar.

Conheço de mim cada pedaço.
A seiva, sangue corrente, me anima e cede.
Desmancho aos poucos, rasgado, e a lembrança viva,
presa no chão do sonho, crava mais fundo a sede,
a corrente de sangue dessas águas.
Gosto de mim, molhado, é doce, na boca de gente
que me morde e sente a sede, fruta pequena,
crescer no amor, coração que não sei.

Pedra e poeira, sou chão de espera,
recanto de vida nova, que vem, se aninha em meus braços,
vive, canta, traz semente e foge, corpo pequeno demais
pra dizer a voz do dia e da noite.
Beijo vermelho passou de repente, arrancou,
levou pedaço da vida, mas nem me tocou,
e eu, triste, chamo menina chama pra me morder,
roubar de mim o que levou do resto da fogueira,
amor se quebrando ao chicote meigo da labareda.

Páro e me solto.
Num assovio, sopro da tarde busca e chama,
e nessa dança traz cheiro moreno
que vem sem pressa.
A cor da tarde desfaz e refaz a sombra,
chama tom sobre tom
e diz que a cor é ao gosto do tempo.

O amor perene, branco no céu, vive e me assusta.
Pincel da noite fere o coração,
faz descer saudade, chorando o fim do dia,
gotas de esperança no fundo da sede,
chamando chão, chorando chuva.

E à voz do corpo, amigo, desse amor,
meu coração esquece e fecha os olhos.
E deixa a vida, sem nenhum rumor,
adormecer a seiva do caminho.