Carioca, 39 anos. Radialista e Consultor em Neurolingüística. Prêmio de Edição nas Antologias : "Livros Uma Antiga Paixão" com a obra O RESGATE e "Dez Vezes Literatura" com a obra VÍTIMA? (Litteris Editora - 1999). Participação no livro "O Que Os Homens e As Mulheres Estão Escrevendo" lançado na XII Bienal Internacional do Livro (2005) com o conto CARTAS ANÔNIMAS. Contato com o autor: mark_ludder@yahoo.com.br

Um som inesperado na madrugada fria novamente me tira o sono. É um som que se repete quando o silêncio impera em meu quarto escuro. Medo ou culpa? Vou pelo corredor iluminando minha caminhada. Escuto passos. Me viro assustada. São eles! Mas como? Não pode ser! Ou pode?

Apenas me olham curiosos como sempre costumam fazer. Embargo a voz e fico sem reação. Mas acabam não demorando muito para me deixarem em paz. Desconfiada, volto a ouvir o som que a esta altura já se transformou em vozes. Não entendo o que elas dizem. Falam ao mesmo tempo. Continuo descendo as escadas sorrateiramente percebendo que se tornam insuportáveis para meus ouvidos. Tudo cessa quando chego na sala. Olho ao redor e nada vejo. Um tempo e as vozes retornam. Agora posso ouvir o que sempre me dizem. Me mandam voltar. Digo que não quero, mas elas insistem. Em meu íntimo sei que se não obedecer o que me pedem jamais me deixarão em paz. Subo as escadas e volto para meu quarto. Mais uma vez a presença daquele som. Sei que se me levantar e sair daqui, vai novamente se transformar nas vozes. Preciso entender que o quarto é o meu lugar. De certo eterno. O que me faz descobrir que ainda posso ter esperanças de um dia voltar a dormir.