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NIVALDO DIVANNY

I. Sobre o autor

Nivaldo Divanny, 38 anos, é professor e leciona Literatura Brasileira e Portuguesa para ensino médio e pré-vestibular. Compositor e poeta, é mineiro da cidade de Campestre e reside em Poços de Caldas. É graduado em Letras, estuda canto lírico e popular e, como músico, atua em de Poços de Caldas e região onde anima noites de bares e festas e participa Festivais da Canção Popular. Trabalha ainda pela arte e pela cultura como membro de uma ONG, a Cia Bella de Artes. Contatos pelo e-mail divanny@uol.com.br


II. Suas Obras


Herança

O que é ser um poeta? Penso, reflito, divago se será

Era uma encosta, um lugar,
ao pé de um regato bravio.
À distância, a estrada a levar.
No céu, desenhos do estio.
Chovi com as águas de março
e foi lírica e doce alegria.
Rosado e nutrido ragazzo.
O tempo moroso urgia.

Escorreguei, despenquei do céu
pra uma casa de taipa e de adobe;
podia ser Rio, Israel, Bagdá,
mas foi ali, pras bandas de lá.

A vida fluía das bicas,
das doces entranhas da cana,
crepitava no fogo do engenho,
espreitava em caminhos de lama.
E crescia nas roças e várzeas,
nos pomares, currais, cercanias;
recendia no olor das laranjas,
aquentava-se em ninhos de painas.

Escorreguei, despenquei do céu
pros braços, pro colo das moças da escola;
flertei com sabores, palavras e saias,
mas me enredei foi nas cordas da viola.

E como tivesse de chorar, chorei.
Depois, foi preciso viver, cresci.
Fui-me embora e quando voltei,
procurei traduzir-me ali.
O coração restinga fecunda, apesar do estio.
Serra e mato ainda vivem em mim.
Reluto muito em ser taipa, sou homem esguio.
Aconchegar corações não é tão fácil assim.

A vida me reservou poesia;
hoje aboio no papel.
Não como meu pai, meu avô faziam,
sou cantador de cordel.
A vida me reservou poesia;
hoje planto no papel.
Não como meu pai, meu avô faziam,
Sou lavrador de cordel.