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ZINGARAH

I. Sobre o autor

Blog da autora: http://lazingarah.blog.uol.com.br


II. Suas Obras


No Way Out

Armadilha sem reféns,
metálica atração cravada no céu da boca.
Recidiva. Espinhos arranhando toda noção.
Sólida aflição, arrepios velozes ferindo os dentes.
E a dor lateja como um sol de outono,
exangue e viva, indecisa imprecisão.
E dilacera os corpos, finíssimos véus expostos.
E seduz as vontades, entorpecidas.
Como ignorar o paradoxo,
que se nutre da tensão subterrânea do desejo?

Supressões

Sonho contigo
e encharco-me de palavras.
Interditas, não pronunciadas,
perfeitas elipses de dor.
Lábios entreabertos,
entrefechadas sentenças de solidão.
A obscuridade da hora,
o agressivo perfume das noites de verão.
O indiscutível peso da madrugada,
arrancando-me da leveza dos teus braços.
Solta, pairando em círculos...
e desperto nua, em companhia da manhã.

Prisma

Intangível manhã de aromas e orvalhos,
em que desapareço entre a cerração.
Sob o reverso das folhas pendentes,
debruçadas gotículas de frescor.
Rebrilham as paredes, devolvendo-me o dia
como a dádiva de um sol esquivo.
Invadem-me o corpo arabescos de ar e
as despertas umidades que já se vão.
Infiltra-me a carne a pura sensação que aos começos pertence,
braçadas de flores que não colhi.
Inútil agarrar-me ao que de si se desprende,
frágeis vapores, sonhos em contração.
Nada restará, senão o toque da inspiração. Íntimo,
acomodado em minhas entranhas.